Somatório A única restrição é ter 21 x 21 cm. O formato com o menor lado da A4. É um quadrado sempre à mão, uma pequena janela. Uma cela. O espaço confinado do azulejo, que toco calado para me ouvir respirar. Estou louco aqui dentro? Estou à deriva? Resta algum controle? Não me sinto caber aqui dentro, preciso sangrar estas margens. Sem movimento, especulo, reflito voltando no tempo. lembro um passeio outro dia numa ilha, sob o sol do verão, a silhueta da mão estendida, uma magra sombra no chão, na lajota estampada da calçada. Era quente, era úmido. Era brilhante. E o fogo, e o próprio diabo vieram. Conto dias, pudera eu ir e vir. Conto anos, conto histórias, conto quantos faltam e quantos tenho. Dizer isso tudo dentro dos limites desta mancha gráfica é uma tentativa de tocar o outro do lado de lá do vidro frio, alto e largo erigido perante todos. Sem nenhuma palavra pra dizer nada não há mensagem, não há novidade, notícia boa ou grande ideia. Ferido por falar e ouvir. Apenas preciso contar. Câmbio.
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