[Les idées claires - René Magritte]
Este quadro de Magritte me encantou muito, pois
lembrei muito de um argumento que aprendi sobre idéias e conceitos em
arquitetura. Falo contra o meio termo, atitude sem coragem, graça e
força, especificamente no ato criativo de um projeto. A pintura é claríssima:
Um fluido é um fluido, prolifera em todos os lugares do recipiente, sua
ondulatória atinge todas as porções do espaço que o contém, o líquido conecta
todos os respiros e dobras do recipiente imerso em sua extensão. O monólito,
por sua vez, é, por definição, unitário, denso e pesado, ele concentra toda sua
matéria em um corpo inerte que insiste rígido a mutante paisagem a sua volta. Já
a leveza, representada pela nuvem, eleva-se e paira sobre o quadro, livre e
solta desenvolve elegante imagem moldada ao gosto dos ventos...
Constantemente reflito e discuto a problemática
do ‘conceito’ em arquitetura. Diferentemente da definição Deleuziana, que o
reivindica como matéria da filosofia, nesta disciplina o tema sugerido já na
pós-modernidade define-se como uma idéia forte que orienta todo o esforço
projetual em concebê-la numa forma física e temporal, uma arquitetura,
profundamente fiel e clara em relação à concepção original. Projetar desta
maneira é encantador, pois nestes trabalhos persegue-se a unidade e totalidade
como resultados, uma vez que a valorização das qualidades do projeto ou do
lugar para que ele destina-se, bem como as soluções dos problemas
identificados, partem dos mesmos gestos, de maneira possivelmente resumida,
simples e potente.