quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Les idées claires

[Les idées claires - René Magritte]

Este quadro de Magritte me encantou muito, pois lembrei muito de um argumento que aprendi sobre idéias e conceitos em arquitetura. Falo contra o meio termo, atitude sem coragem, graça e força, especificamente no ato criativo de um projeto. A pintura é claríssima: Um fluido é um fluido, prolifera em todos os lugares do recipiente, sua ondulatória atinge todas as porções do espaço que o contém, o líquido conecta todos os respiros e dobras do recipiente imerso em sua extensão. O monólito, por sua vez, é, por definição, unitário, denso e pesado, ele concentra toda sua matéria em um corpo inerte que insiste rígido a mutante paisagem a sua volta. Já a leveza, representada pela nuvem, eleva-se e paira sobre o quadro, livre e solta desenvolve elegante imagem moldada ao gosto dos ventos...

Constantemente reflito e discuto a problemática do ‘conceito’ em arquitetura. Diferentemente da definição Deleuziana, que o reivindica como matéria da filosofia, nesta disciplina o tema sugerido já na pós-modernidade define-se como uma idéia forte que orienta todo o esforço projetual em concebê-la numa forma física e temporal, uma arquitetura, profundamente fiel e clara em relação à concepção original. Projetar desta maneira é encantador, pois nestes trabalhos persegue-se a unidade e totalidade como resultados, uma vez que a valorização das qualidades do projeto ou do lugar para que ele destina-se, bem como as soluções dos problemas identificados, partem dos mesmos gestos, de maneira possivelmente resumida, simples e potente.


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