domingo, 4 de abril de 2021


Somatório A única restrição é ter  21 x 21 cm. O formato com o menor lado da A4.  É um quadrado sempre à mão, uma pequena janela.  Uma cela. O espaço confinado do azulejo, que toco calado  para me ouvir respirar.  Estou louco aqui dentro? Estou à deriva? Resta algum controle? Não me sinto caber aqui dentro, preciso sangrar estas margens. Sem movimento, especulo, reflito voltando no tempo. lembro um passeio outro dia numa ilha, sob o sol do verão,  a silhueta da mão estendida, uma magra sombra no chão, na lajota estampada da calçada. Era quente, era úmido.  Era brilhante. E o fogo, e o próprio diabo vieram.  Conto dias, pudera eu ir e vir. Conto anos, conto histórias, conto quantos faltam e quantos tenho. Dizer isso tudo dentro dos limites desta mancha gráfica é uma tentativa de tocar o outro do lado de lá do vidro frio, alto e largo erigido perante todos. Sem nenhuma palavra pra dizer nada não há mensagem, não há novidade, notícia boa ou grande ideia. Ferido por falar e ouvir. Apenas preciso contar. Câmbio.



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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

 a liberdade poética será sempre o ópio, o ócio criativo e a panacéia da cura, entre artistas, loucos e filósofos... por isso mesmo, as cores que essa liberdade dá com os pincéis da metáfora fazem essa miséria e essa riqueza oscilantes dentro dos seres parecer natural... mas perceber a beleza nisso que aparentemente não é natural, e na verdade, parece mais traço de neurose, ou psicose -neste caso, há de ser forçar a exercícios de meditação, uso de enteógenos, investigações internas das partes obscuras, sem medo ou tabus - certa dose de entrega e loucura na busca de sí mesmo... "conhece a ti mesmo, e conhecerás os deuses e o universo". É a minha disney pessoal, meu ópio existencial, meu placebo teológico, todo o manancial exotérico de uma vida... my precious... mea culpa...