domingo, 4 de janeiro de 2009

Tédium in vacancis

Contar uma piada sem graça alguma, nojenta, na hora do almoço em família, ou ainda na ceia de natal. Conversar sobre religião, ou melhor, DEBATER religião, num lotado bar de playboy com a gatinha com quem estudou no ensino médio, que te dava mole até então. Cortar assunto com uma ex deixando no ar a possibilidade de uma reprise dos melhores momentos passados, coisa bacana... dizendo que seu sovaco ta pingando e você precisa tomar banho imediatamente, por não aguentar mais a própria catinga. Arrotar asquerosamente na frente da avó. Repetir piadinhas até uma nova conotação de infâmia. E permitir que pensassem o que quisessem.

Quem nunca foi repreendido, repreendeu-se ou sentiu-se repreendido por algo considerado impróprio para uma determinada ocasião ou para qualquer ocasião?

Penso de suma importância questionar sempre os motivos reais e naturais de nossos hábitos mais antigos e banais. Só assim ponderaremos com justiça o que imaginamos coerente ou decente. Mesmo que seja a incoerência e indecência conceitualmente em suas formas mais puras! Legislando uma nova moral, e a ética não é tão diferente da moral, ou aceitando outra, a não ser aquela cegamente imposta, se o desejo é o de tomar como autoridade a verdade, é preciso avaliar imparcialmente essas premissas.

Somos todos muito mais artistas do que conseguimos ver, sempre vislumbrando momentos que, de fato, nunca existiram como os concebemos. Exercitamos quase sem cessar o tique-nervoso de adivinhar como o outro se sente ou o que pensa, o que ele sente de nós e pensa de nós, e ainda o que ele pensa que nós pensamos e sentimos, e o que pensamos e sentimos dele, e assim por diante. Daí infere-se como somos cegos atiradores. Quantos não agravaram pesadamente um ato, que por ventura, só com muito mau humor, poderia ser levado a mal, cometendo um pedido de desculpas?

Permitir que se pense o que for. É a atitude a qual me submeti num auto-experimento social que proponho, com o intuito de habituar-me a realizar, digamos, "diretamente" minhas vontades, sem me importar com a repercussão que tenham, não me inibindo com os agentes de inércia, medo e vergonha. A idéia é dinamizar minha resposta aos estímulos do mundo exterior. Fundindo atitude e ação, eliminar-se-iam as distorções de percepção pessoal e alheia de quaisquer eventos. Desse modo, sem os devidos preconceitos morais, fazemos um esforço maior e mais eficiente para cultivar/corromper em nós o que chamamos de civilidade. Uma flexibilidade da moral individual em prol de mais harmônica convivência em sociedade.





"Após esclarecida, determinada coisa deixa de nos interessar. O que queria dizer aquele deus ao aconselhar: 'Conhece-te a ti mesmo!' ? Significaria: 'Deixa de te interessares por ti! Torna-te objetivo!' E Sócrates? E o 'homem científico'?”

Nietzche

5 comentários:

Carelli disse...

"conhece-te a ti mesmo" é exatamento isto que vc disse, com o louver de ter analizado cética e imparcialmente, mas acertado com o rigor de seu verdadeiro significado.

se Nientzche afirma que nos desinteressamos daquilo que conhecemos, está ele rementendo-nos ao dilema humano da constante insatisfação pela vida, pela infelicidade com o próprio gramado, quando o do vizinho é mais verde, com a inconformidade humana que é elogiada e maldita, desde os primeiros filósofos, até a atualidade

thiagueras, não há de concordar comigo que se conhecer é se aprimorar? Foi dito "conhece-te a ti mesmo" e o complemente "e conhecerá o universo" pois em relação ao macro cosmo do mundo exterior, somos o micro cosmo de nosso próprio mundo cerebral e egóico.

conhecer-se é se desinteressar de nos mesmos, como Jesus disse: "aquele que quiser me seguir abandone o desejo e não olhe para trás" pois Buda jah disse que o desejo é o que nos mantém no ciclo de renascimentos e mortes, e só o esquecimento nos faz voltar sem nos cansarmos de errar e enlouquecer.

se conhecer é a chave para a felicidade em sociedade, é o que esta sua intuição maluka vislumbra, quando eu estou praticando-a por tê-la estudado nos livros sagrados

Nietzche já falou algo sobre Diógenes? Seu experimento sobre dinamizar as respostas das pessoas circunscritas ao seu meio me faz lembrar de Diógenes e a franquesa natural com que ele tratava a todos e a si mesmo, com a qual inclusive desdenhou Alexandre, o grande, sem no entanto ser morto! O rei mesmo, o adimirou por isto

deixe-me pensar... se conhecer é... saber ser harmônico com seus próprios mecanismos mentais, no meio de tantos outros em desarmonia, e, por isto, prevalecer e ser ditoso ^^ muito superficial, eu sei, mas é o que consegui verbalizar desse ideal tão abstrato

Carelli disse...

vacantis tuum boehmia plenum est, qui ego sump bagos plenum ex açai com farofa, canapodes!

Pistol disse...

What the fuck?

Carelli disse...

translator: suas férias tão só a boehmia, eu aqui tou de sako cheio de farofa com açai

pé de cana!

Pistol disse...

po velho, nem é, to entrando em frenesí aqui, por carne e alcool, to no resguardo da retirada dos dentes...
só no miojo.
:/
una verga!